sexta-feira, 21 de agosto de 2009

RISCO DE MORTE

Risco de Morte
Agosto 3, 2009 – 5:15 pm Por Renan Gouvêa -->
Derrame mata 90 mil por ano
536 pessoas em RP sobreviveram ao derrame e as sequalas custam R$ 416.797,36 para os cofres públicos por mês
Por Renan Gouvêa
O afastamento do trabalho por acidente vascular cerebral (AVC) em Ribeirão Preto custa para o cofre público cerca de R$ 500 mil mensais. Atualmente a Previdência Social da cidade mantém benefícios para 536 pessoas por serem portadora de deficiência física e que se aposentaram por invalidez causada após terem problemas com a doença cerebrovascular. De junho de 2008 até o primeiro semestre deste ano, 116 pessoas entraram na lista de beneficiados após o acidente no cérebro.
Os números de derrame, como é popularmente conhecido, na cidade reforçam a preocupação médica de que o autoridades da saúde precisam trabalhar a educação da população para que novos casos de AVC deixem de aumentar as estatísticas no país. O resultado da desinformação de sintomas que provocam o AVC pela população, segundo dados do Ministério da Saúde, faz com que 90 mil brasileiros morressem por ano, matando mais que o câncer.
“O acidente vascular cerebral é a principal causa de morte e debilidade crônica no país. Definitivamente precisamos de uma educação da população para que os números de óbitos venham a cair”, comenta o neurologista do Hospital das Clinicas (HCRP) Octávio Marques Pontes-Neto.
A proporção de mortes causada pelo AVC no país é comparável ao total da população das cidades de Serrana, Pontal e Cravinhos. É como a quantidade de pessoas das três cidades de nossa região deixassem de existir por ano.
Outra vida
O acidente vascular cerebral acontece repentinamente. De acordo com o neurologista Octávio Ponte-Neto do HCRP, a pessoa pode amanhecer bem e em dado momento pode ter um derrame. A vida da pessoa, ainda segundo o neurologista, muda drasticamente. “O AVC é cruel. A pessoa pode perder a fala e os danos no cérebro pode desorganizar as emoções, altera a personalidade e a capacidade de percepção”, alerta.
Em julho de 2005 o contador Francisco Tadeu Ricci, 48 anos, não pode fazer suas caminhadas pelas ruas do bairro no final da tarde. Pela manhã ele teve acidente vascular cerebral. O lado direito inteiro de seu corpo ficou completamente paralisado. Três meses depois viu seu casamento terminar e entrou em depressão. “Minha vida mudou radicalmente. Demorei para começar a voltar a ter amor a mim mesmo”, revela.
Ricci deixou o quarto para dedicar a fisioterapia. “A primeira coisa que fiz mesmo ainda debilitado, foi sair da casa da minha mãe para morar sozinho”, lembra. A disciplina no tratamento aliado com a atitude positiva levaram o contador a sair da cadeira de rodas, do andador para bengalas e hoje voltou ao trabalho. “Escrevi um livro que de formas de poesias contam a minha história de vida”, disse.
População e médicos desconhecem alertas do AVC
As equipes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) têm dificuldades para reconhecer os sintomas de um acidente vascular cerebral. O Hospital das Clinicas é a única referência de Ribeirão Preto para reverter um caso de AVC. Segundo o neurologista do Hospital das Clínicas da cidade Octávio Pontes-Neto, receber uma pessoa em situação irreversível após um derrame, como é conhecido o acidente cerebrovascular, é rotina nos corredores do hospital. “Muitas vezes evitar uma morte e até mesmo evitar um distúrbio é quase impossível e muito se dá por conta da demora do paciente chegar ao hospital”, conta.
Após a pessoa perceber um sintoma do acidente vascular cerebral ela tem no máximo três horas para estar em mãos de um neurologista. “O AVC acontece por conta de uma obstrução de uma artéria que leva sangue ao cérebro”, explica Pontes-Neto. Quando isso acontece, ainda segundo o neurologista, a desobstrução rápida da artéria é feita pelo tratamento trombolítico, considerado o mais eficaz na literatura médica.
No tratamento o especialista corre contra o tempo para fazer com que a circulação do sangue no cérebro volte ao normal para que a região afeta possa voltar a funciona e os sintomas tedem a desaparecer. “Mas nem todas as pessoas sabem identificar um AVC e quando vão ao hospital é tarde demais. Ás vezes a própria equipe médica não sabe ao certo se é um AVC”, revela o neurologista do HCRP.
Esse problema ganhou dados científicos através de uma pesquisa coordenada por Pontes-Neto nas cidades de Ribeirão Preto, Fortaleza, Salvador e São Paulo. O estudo ouviu mais de 800 pessoas e 90% delas não sabiam falar com exatidão os sintomas de um derrame. “Isso é extremamente preocupante”, ressalta o especialista.
Mais pesquisas
Desde de 2004 pesquisadores do país são incentivados pela OMS a participarem da campanha “Iniciativa Global de AVC” que visa estimular novos conhecimentos sobre a doença que mata 60 milhões de pessoas por ano em todo globo.
Uma pesquisa que ganhou repercussão entre médicos foi elaborada nas Unidades básicas de Saúde (UBS) da cidade de Campinas e os dados mostram que nem mesmo a equipe médica sabe os sintomas do AVC. “Constatamos que os médicos não neurologistas têm pouca intimidade com os quadros neurológicos que aparecem nas emergências. Cerca de 86,3% dos casos com suspeitas de doença neurológica feitas por não neurologistas foram feitas inadequadamente”, revela o neurologista que participou da pesquisa Lucas Vilas Boas Magalhães.
Os achados em Campinas indicam que os profissionais da saúde em UBSs precisam de treinamentos para o reconhecimento dos sintomas de AVC e agilizar o contato com o neurologista de um Hospital de referência. Em Ribeirão Preto existem 25 postos de saúde e cinco distritais e apenas as unidades de emergências do Centro e da Vila Virgínia tem neurologistas para identificar um problema cerebrovascular. “Nosso estudo mostra que os médicos em geral não sabem reconhecer bem o AVC e principalmente não sabem diferenciá-lo de outras doenças”, disse Magalhães.
O problema, ainda segundo o pesquisador de Campinas, está na formação médica. “As faculdades de medicina em geral ensinam de tudo, menos o que um médico precisa saber para vida prática com paciente. Julgo que o desconhecimento dos médicos sobre o AVC é resultado do estudo inadequado da neurologia durante a graduação”, acredita.
“É frustrante receber um paciente com AVC e não puder reverter os sintomas e curá-lo simplesmente por esse paciente ter chegado tarde de mais no hospital. Isso acontece por vários motivos: falta de esclarecimento da população, falta de treinamento de profissionais da saúde, mas também por falta de leitos nos hospitais de referência”, reforça Pontes-Neto.
Um Comentário
chico tadeu ricci
Publicado Agosto 5, 2009 ás 3:20 pm

Responder
muito boa essa materia,a linguagem é essa mesmo.estou a sua disposição para mais esclarecimentos,juntamente com Dr. Cristiano Milani,(meu medico neurologista).Principalmente para falar da toxina butolinica(botox), e o quanto foi importante para recuperar meus movimentos.como voce falou, pois até escrevi um livro em forma de poesias, que contam a minha vida.se estiverem interessados meu e-mail esta aqui.um abraço a voce…renane todos que lerem o blog, e meu comentario.tadeu ricci – poeta.

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